A Unidade de Pronto Atendimento de Cascavel, no Paraná, reabriu no começo da tarde, depois do trabalho de desinfecção. A UPA estava interditada desde quinta-feira (9) à noite, quando o africano Souleymane Bah foi diagnosticado com suspeita de ebola.
Ele disse aos médicos que sentiu febre na quarta-feira (8). E que também teve dor de garganta e tosse. Os médicos comunicaram a suspeita à Secretaria de Saúde do Paraná, que notificou o Ministério da Saúde. Seguindo as normas de segurança, 60 pacientes e três profissionais de saúde ficaram isolados no prédio. E só foram liberados pela manhã depois de passarem por exames.
“Eu também estive lá dentro, a gente fica apreensivo”, diz a paciente Marcele Franco.
O que reforçou a suspeita dos médicos foi o fato de que Souleymane Bah veio da Guiné, um dos três países da África com epidemia de ebola. O avião fez escala no Marrocos e pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia 19 de setembro. Quatro dias depois, ele entrou com pedido de refúgio na Polícia Federal, em Dionísio Cerqueira, Santa Catarina. Em seguida, ele foi para Cascavel, no Paraná.
Nos últimos 18 dias, Souleymane ficou hospedado em um abrigo, onde dividia o alojamento com outras 30 pessoas, muitas delas também africanas. Na semana passada, ele disse para os funcionários que estava se sentindo mal e que precisava de atendimento médico. Mas havia dificuldade de comunicação porque Souleymane não fala português.
“A gente sentou, eu peguei o dicionário para tentar entender o que ele queria, ele ficava passando o dedo na língua, mostrando a língua dele o tempo todo e colocava a mão na barriga”, lembra a psicóloga do abrigo Fabiane Ferreira.
Todos que tiveram algum contato com Souleymane serão observados durante os próximos 21 dias, período de incubação do vírus.
“O que a gente tem que se preocupar agora é com o monitoramento dos contatos e a identificação de todos os contatos”, afirma o secretário de Saúde de Cascavel, Reginaldo Andrade.
A transferência do africano para o Rio de Janeiro foi feita na madrugada desta sexta-feira (10). A equipe usou roupas especiais, que evitam o contágio de doenças altamente transmissíveis. Souleymane Bah embarcou às 5h em um avião das Forças Armadas.